Mais uma série de televisão baseada nos quadrinhos estreou ontem no Brasil. A Warner Channel exibiu o episódio piloto de The Flash quase três semanas após transmitir a estreia de Gotham.
Assim como o seriado da cidade do Batman, o do Velocista Escarlate
contou com exibição no idioma original e sem intervalos comerciais.
Este primeiro capítulo é dedicado à
origem dos poderes de Barry Allen. Atingido por um raio e banhado por
produtos químicos de seu laboratório, ele acorda após um longo coma para
descobrir que o acidente o fez adquirir habilidades sobre-humanas,
permitindo se mover em velocidades espantosas.
Curiosamente, a série também apresenta
algumas características que a destaca de outros filmes ou seriados
recentes com personagens da DC Comics. Em vez do realismo e
seriedade, o tom é mais leve, mas sem perder de vista os dramas e
conflitos do personagem, e não se esquiva ao abraçar os aspectos
de super-herói do projeto: o uniforme e o nome de seu alter ego
mascarado estão lá, sem enrolação. Nada de disfarçar ou amenizar essas
características, como foi feito em Smallville ou Arrow.
Seguindo essa mesma linha, a história
consegue se manter fiel aos quadrinhos. A morte da mãe de Barry, as
circunstâncias de como isso aconteceu, a prisão do pai pelo crime, a
profissão de perito criminal, as cidades irmãs de Central City e
Keystone e outros detalhes estão lá. O acidente que deu origem ao
personagem também remete ao dos quadrinhos, mas com um detalhe
adicional: um acidente no acelerado de partículas dos Laboratórios
S.T.A.R. foi o catalisador de tudo, o que provocou o surgimento de
outros meta-humanos (termo usado também nas revistas da DC para denominar quem possui superpoderes), além de Barry.
O primeiro antagonista é Clyde Mardon,
que nas HQs é conhecido como Mago do Tempo e faz parte da Galeria de
Vilões, que com certeza será apresentado em algum momento. Como o nome
indica, ele tem a habilidade de controlar o tempo.
Tematicamente, muitos trocadilhos são
feitos usando velocidade e corrida. Barry vive atrasado para o trabalho e
vários personagens o mandam correr em diferentes momentos, numa alusão
ao poder que mais tarde desenvolverá. Inclusive, o fato de ele ficar
nove meses em coma, para depois acordar como um “novo homem”, nos remete
no período de gestão do ser humano para gerar uma nova vida.
O episódio está cheio de referências para os fãs, alguns deles bem interessantes e que podem indicar o futuro do seriado.
Para começar, o pai de Barry Allen é interpretado por John Wesley Shipp,
o ator que vestiu a roupa vermelha do herói no seriado da década de
1990. Uma boa sacada, que além de tudo provoca simpatia pelo projeto.
Durante a história, vemos menções ao
vilão Gorilla Grodd; à Ferris Aeronáutica, empresa na qual trabalha Hal
Jordan, o Lanterna Verde, e que é comandada pelo seu interesse
romântico, Carol Farris; o Canal 52, usado nos quadrinhos como uma emissora fictícia de notícias para informar o que acontece no Universo DC; Eddie Thawne, cujo sobrenome é o mesmo do maior inimigo do herói, o Flash Reverso; os cientistas e amigos do protagonista, Cisco Ramon e Caitlin Snow,
que nas HQs são, respectivamente, o herói Vibro e a vilã Nevasca; e o
Esmaga Átomos, uma homenagem ao membro da Sociedade da Justiça criado na
década de 1980.
Por último, mas não menos importante – muito pelo contrário –, está a última cena, uma referência claríssima à famosa saga Crise nas Infinitas Terras,
na qual Barry Allen tem papel fundamental nas histórias em quadrinhos.
Essa referência surge numa reprodução da capa de um jornal do ano 2024
(dez anos no futuro) e é revelada pelo enigmático personagem Harrison
Wells.
Por sinal, o próprio Dr. Wells parece
espelhar o segundo Flash Reverso. Como se vê, muitas possibilidades pela
frente, uma vez que esse vilão é mostrado logo no início da série.
Como se sabe, quando o assunto envolve crises, multiversos e viagens no tempo, Flash tem uma importância histórica enorme.
Tudo isso ganha vida com efeitos
especiais bem realizados para o nível uma produção televisiva, que
costuma ter custos bem mais modestos do que os do cinema, e que vive com
prazos apertados. E esses efeitos são muito impostantes para dar
credibilidade a uma adaptação desse tipo.
O que nos leva a outro fator central: o
ator Grant Gustin. Ele está com 24 anos. É a mesma idade, por exemplo,
que Christopher Reeve tinha quando foi escolhido para ser o Superman nos
cinemas. Entretanto, sua fisionomia é de alguém bem mais jovem, o que a
princípio é incômodo. Em muitos momentos parece quase como o Kid Flash.
Mas ele tem carisma e parece confiante
no papel. A percepção final depende apenas da qualidade de sua
interpretação durante o trabalho. Além disso, se o plano é ter um
programa de longa duração, como Smallville foi durante seus dez anos, é uma questão compreensível.
Vale ainda mencionar que Geoff Johns é
um dos produtores do seriado e coescreveu o episódio piloto. Johns é fã
declarado do Velocista Escarlate e, por anos, foi o escritor responsável
pela revista do herói. Título, aliás, que o catapultou ao estrelato.
Atualmente, além de ser roteirista de vários projetos na editora,
ele também é uma das forças criativas dos Novos 52, o reformulado Universo DC, e chefe do departamento criativo da DC Entertainment, responsável por levar seus personagens para outras mídias, como cinema, games e, claro, televisão.
The Flash 01-01 – City of Heroes
Produção: Warner Bros. Television e The CW
Direção: David Nutter
Roteiro: Greg Berlanti, Andrew Kreisberg e Geoff Johns
Elenco: Grant Gustin, Candice Patton, Tom Cavanagh, Jesse L. Martin, John Wesley Shipp, Michelle Harrison, Danielle Panabaker, Carlos Valdes, Rick Cosnett, Chad Rook e Stephen Amell
Produção: Warner Bros. Television e The CW
Direção: David Nutter
Roteiro: Greg Berlanti, Andrew Kreisberg e Geoff Johns
Elenco: Grant Gustin, Candice Patton, Tom Cavanagh, Jesse L. Martin, John Wesley Shipp, Michelle Harrison, Danielle Panabaker, Carlos Valdes, Rick Cosnett, Chad Rook e Stephen Amell
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